Oficinas de costura do RN buscam incentivo para ampliar negócios com marcas próprias

A costureira Marionete Medeiros iniciou sua vida profissional atendendo da forma tradicional suas clientes no ateliê que criou em São José do Seridó, a 245 km de Natal, até que viu no Programa Pró-Sertão, que interioriza a Indústria Têxtil através das oficinas de costura, a oportunidade de crescer. Quinze anos depois, ela cresceu o negócio e dirige duas empresas de costura que empregam 60 pessoas. Mas Marionete pode ir além e produzir sua marca própria e vender diretamente ao consumidor final. Para tanto, precisa do estímulo governamental de modo a eliminar a diferença do ICMS na compra de matéria-prima de outros estados.

A expectativa é de que, se isso ocorrer, haja um crescimento de 15% a 20% no setor. Esse movimento das oficinas de costura também pode ser chamado de emancipação do negócio, muito embora não haja planos de deixarem o Pró-Sertão, pelo qual elas produzem para grandes empresas do ramo de vestuário, como a Guararapes e a Cia Hering.

Marionete é a atual presidente da Associação Seridoense de Confecções (ASCONF) e, por enquanto não produz marca própria, como outros empreendedores começaram a fazer. Ainda há o obstáculo que faz com que os produtos das oficinas de costura potiguares percam competitividade. “A gente vem buscando apoio do Governo do Estado porque esse novo modelo, que vejo como caminho natural, vai desde a compra do tecido dos insumos até o cliente final. Para isso, temos uma diferença de ICMS na entrada da mercadorias, dos insumos, de outros estados”, explica.

Na visão dos empresários do segmento, ampliar o modelo de negócio é um novo nicho que vai fazer as empresas crescerem. “No momento, todas as nossas expectativas estão nesse incentivo para fomentar as empresas que estão desenvolvendo esse trabalho. Eu não tenho marca própria, mas dependendo do que a gente conseguir, é um projeto meu começar com um produto próprio”, diz Marionete.

Seus planos são semelhantes aos de outros donos de oficinas têxteis. Eles se baseiam no que aconteceu com os produtores de bonés do Seridó, que começaram produzindo para campanhas eleitorais e para empresas e atualmente criaram suas marcas próprias e também atendem o cliente final.

O vice-presidente da ASCONF, Luiz Lupércio Junior, do município de Bodó, diz que a diferença de alíquota na entrada da mercadoria chega a 13%, ou seja, os insumos que eles compram para produzir os produtos ficam 13% mais caros. “Essa diferença nos torna menos competitivos que outros estados que têm uma alíquota de 7% a 10%. Sem essa diferença a gente pode ter um produto com preço mais competitivo para ampliar a oferta em todo o país”, explica.

Ele diz que a estimativa é de que, no momento em que for possível ter o benefício, o setor apresente um crescimento anual de até 18%. “A empresa passa a contratar mais porque precisará de setor comercial, de corte, publicidade, de embalagem… promovendo uma ampliação estruturada e departamentizada. Vamos estar gerando mais postos de trabalho”, estima o empresário.

As perspectivas se explicam porque o setor também está de olho no e-commerce, vendo nesse modelo de vendas uma oportunidade de ampliar mercado. “Passamos a compreender que o e-commerce é um processo de evolução e amadurecimento dos negócios. Temos que prezar por essa transformação observando os outros estados que passaram por isso, buscando o consumidor final do modo certo, com o produto e preço certo”, diz Lupércio.

Segundo a ASCONF, atualmente há 110 oficinas de costura em mais de 30 municípios potiguares. A maior parte instalada no Seridó. Juntas elas geram cerca de 4 mil empregos diretos.

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