No Seridó, uma tradição secular resiste ao tempo e à modernidade. Trata-se da experiência dos profetas do tempo, que utilizam pedras de sal para prever o comportamento das chuvas nos primeiros meses do ano. Em Jardim do Seridó, essa prática é mantida viva por moradores como Geicifran Azevedo, que há 10 anos realiza o ritual com sucesso.
Segundo Geicifran, o método consiste em colocar pedras de sal sobre uma tábua na noite de 12 para 13 de dezembro, deixando-as expostas ao sereno no telhado de casa. Durante essa noite, o profeta reza o terço para Santa Luzia, padroeira da luz e da visão, pedindo orientação sobre o inverno vindouro. Antes do nascer do sol, na manhã seguinte, é feita a observação do estado das pedras de sal.
“Cada pedra representa um mês do primeiro semestre. Se a pedra estiver muito dissolvida, significa que aquele mês será chuvoso; se estiver intacta, prevê estiagem”, explica Geicifran. A técnica, embora baseada na fé e na observação da natureza, é levada a sério por quem acompanha o trabalho desses profetas.
Para 2025, a previsão de Geicifran é otimista. As pedras de sal indicaram chuvas acima da média, superando o índice de precipitações registrado em 2024. “As pedras mostraram que teremos um bom inverno. Isso é um alívio para os agricultores e para todos nós que dependemos da chuva para a sobrevivência”, afirmou.
A prática dos profetas do tempo é considerada um patrimônio cultural da região, sendo passada de geração em geração. Embora não tenha base científica, ela reforça a relação do homem com a natureza e a espiritualidade. “O segredo está na fé e no respeito à sabedoria popular. Nunca falhei, porque confio em Deus e nos sinais que ele nos dá”, concluiu Geicifran.
A previsão para um bom inverno em 2025 traz esperança aos moradores de Jardim do Seridó e região.
Para os agricultores, significa a possibilidade de uma safra farta; para as comunidades, a esperança de reservatórios cheios e alívio para os desafios impostos pela seca. Enquanto a ciência avança com tecnologias de previsão climática, o sertão segue confiando nos profetas do tempo e na força de sua tradição.
Por Magno César